Thursday, March 20, 2008

*A quoi ça sert l'amour?






Talvez, a paixão seja mais uma das minhas dicotomias. Adoro estar apaixonada, mas detesto me apaixonar. Vai ver é essa minha mania de querer voar com os pés no chão, conciliar amor com razão. Mas desde quando o amor tem alguma razão?




Pode ser também por gostar tanto de romances, eu queira viver um, digno de cinema. Daqueles que suspiramos a cada diálogo e encontro, mas que pensamos não existir na vida real. Sei lá, talvez eu seja sonhadora demais, romântica demais e ao mesmo tempo desconfiada demais e não acredite que nada disso exista realmente, só nos filmes e livros que me arrancaram tantas lágrimas e suspiros. Tenho verdadeira aversão em me sentir boba, apesar de várias vezes me fingir de tal, aprendi que assim evitamos atritos desnecessários, e os que se acham tão espertos ficam felizes de encontrar uma bobinha como eu. Mas triste daqueles que se julgam tão espertos, um dia eu costumo cansar de fazer papel de boba, e nessas horas eu posso ser tão cruel quanto a bruxa má.


Não subestime minha inteligência, não sou nenhuma Princesa de contos de fada, sou muito real e humana.











*Edith Piaf


P.s. Escrito em 2/3/2008

Monday, March 03, 2008

Gota de humor segregado pelas glândulas do olho*



Um dia, me ensinaram que chorar podia ser bom, libertador. E essa mesma pessoa também me ensinou sobre o amor, me fez pensar que não tinha nada de mal em chorar.
Mas, depois de um tempo a nossa vida passou a ser apenas lágrimas. E chorar deixou de ser algo banal, e tornou-se dolorido. Cada lágrima caída em meu colo, tornava-se uma mágoa a mais plantada em meu peito.
Desde então, passei a acreditar que não se devia chorar por ninguém, é, “ninguém merece as suas lágrimas”. E a fonte secou. Os olhos até enchem- se com naturalidade, mas elas hoje teimam em não cair. Não por amor. Antes era tão fácil chorar. Por mais que eu queira arrancar de vez a angústia, elas permanecem imóveis, não querem mais desaguar em pranto silencioso; puro e livre.
Libertar-se através delas não é mais tão simples. E mesmo não conseguindo chorar, eu continuo a pensar que as lágrimas são benéficas, que não tem nada melhor que sentir a alma sendo lavada. Inebriante choro. Ter os olhos embaçados com suas formas pesadas e límpidas, perceber que com elas tudo de ruim vai embora. Com os soluços, todas as verdades não-ditas e os gritos silenciosos se vão.
As lágrimas ainda não voltaram a cair, permanecem entaladas em minha garganta, fazendo nós com os soluços e todas as palavras que ficaram para trás. Melhor assim.


Quem sabe, um dia, elas voltem a cair naturalmente, de felicidade.
*Definição da palavra Lágrima no dicionário Aurélio